segunda-feira, 19 de setembro de 2011

ANTROPOLOGIA

Racismo.
Palavra que todos conhecem o significado, mas que poucos procuram saber a verdadeira definição.
Por quê?
Porque sabem que no fundo terão de admitir que racismo não é apenas uma questão de opinião, mas sim, algo que reflete nas atitudes pessoais de cada indivíduo perante a sociedade.
Porém, isso não é de agora, nem poucos dos dias atuais, essa cultura do preconceito foi impregnada pelos colonizadores portugueses, e foi de certa forma mantida este sentimento até os dias de hoje.
Muitos não se dizem racistas, mas isso é proferir mentiras para si mesmo, manter uma idealização do que é viver em comunidade, já que cada vez mais o que importa é o que você parece ser, é importar-se apenas com seus problemas, suas preocupações, o bonito agora é a aceitação, é vergonhoso se assumir racista, porém, não é o que percebemos no cotidiano, algumas fontes abaixo deixam claro o que acontece hoje, e oq eu nos fazemos de cegos para não ver.
“O salário real dos negros em BH era de R$466,00, o que corresponde a 65% do salário do trabalhador não negro que recebia R$718,00.”
"Nos quatro últimos anos, 91% das crianças que foram adotadas no Rio de Janeiro tinham até 4 anos e pele clara..." (fonte: Folha de São Paulo, março de 2004.)
91% dos jovens negros do Estado de São Paulo já foram abordados pela Polícia. (fonte: Datafolha, 2004).
O que nos difere dos outros humanos são aspectos físicos, gostos musicais, roupas que vestimos, ideais pelos quais lutamos, porém, a “matéria-prima” em si é a mesma, mas naturalmente nos agrupamos em tribos, seja por aspectos financeiros, religiosos, habituais, políticos, etc...
O ser humano sempre convive em grupos, não se acha conveniente viver sozinho, não é bom viver sem companhia, e ao ajuntar-se ao próximo, escolhe os que mais são similares, intuito de proteção, um conceito já feito de alguém que nunca vimos, ou somente preconceito.
A conseqüência desses atos discriminatórios é a fragilização e a denegação da identidade grupal. Começa a se pensar na própria identidade, de como viver sendo um ser relacional, diferenciando o é/somos e o não sou/ não somos.
Mediante as semelhanças e diferenças, ou seja, os contrastes, passamos a distinguir o sou/somos e não sou/não somos.
“O referencial externo passa a ser condição fundamental para a elaboração da imagem individual. A nossa identidade responde ao discurso alheio. O entendimento que tenho de mim está diretamente ligado à minha compreensão do outro, algo que está fora, mas, ao mesmo tempo, fornece condições para que o sujeito exista. Nesse sentido, a construção da identidade, assim como sua manutenção, se constituirá dentro do processo social, quando o olhar do outro poderá ou não proporcionar o reconhecimento ou sentimento de pertença ao grupo social”. (Woodward, 2000).
Se ao menos fosse entendido as diferenças, as qualidades, as peculiaridades de cada indivíduo, e que todos dividem uma sociedade com regras, seria possível extinguir com as práticas racista, antigamente depositava-se essa prática no odeio, punição física, hoje foi “adaptado” a parte psicológica, agora para humilhação do indivíduo diferente acontece a exclusão do mercado de trabalho, salários mais baixos, xingamentos, desconfiança.
Lamentavelmente pode-se julgar que todos os racistas sem coração não se divide em um grupo pequeno, porém engloba toda a sociedade, todos, ou melhor, quase todos os seres-humanos sem coração, mesmo que negue no fundo sempre existe uma brincadeira racista, uma desconfiança depositada a alguém cuja etnia é diferenciada da nossa, como uma afirmação enfática do sociólogo Berger (1991): "A dignidade humana é uma questão de permissão social". E esta permissão neste meio racista é a crueldade
Para Heler (1988), o preconceito está pautado em um forte componente emocional que faz com que os sujeitos se distanciem da razão. O afeto que se liga ao preconceito é uma fé irracional, algo vivido como crença, com poucas possibilidades de modificação. O preconceito difere do juízo provisório, já que este último é passível de reformulação quando os fatos objetivos demonstram sua incoerência, enquanto os preconceitos permanecem inalterados, mesmo após comprovações contrárias.
Basta então, a cada um decidir continuar usando uma máscara de bondade, mas que o próprio olhar revela que dentro de si não há mais nenhum coração.


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